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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Entrevista



Atriz, diretora, cantora, produtora... uma camaleoa. Assim pode ser definida Stella Miranda que vem brilhando no programa “Toma Lá Dá Cá” da Rede Globo com sua gargalhada marcante de Dona Álvara, a síndica do famoso prédio Jambalaya onde todos os personagens habitam. Stella estreou em 1978 com a peça “O triste fim de Policarpo Quaresma” dirigida por Buza Ferraz e seguiu para Paris para estudar teatro. E foi no teatro que ela se consagrou vivendo personagens marcantes em peças memoráveis como “Ópera do malandro”, “As mil encarnações de Pompeu Loureiro”, “Bel prazer” “Uma noite com Stella Miranda e Miguel Falabella” que se tornou cult entre outras tantas. Foi com “South American Way” que ela arrebatou o prêmio Shell e o do Governo do Estado. Seu currículo é vasto e teríamos que ter várias páginas para poder registrar cada passagem. Recentemente estrelou um grande sucesso: “Caidaça” e, enquanto ela não parte para mais uma produção teatral, a gente vai se deliciando com Dona Álvara que promete infernizar ainda mais a vida dos personagens do prédio nessa temporada. Super simples, Stella Miranda, mesmo com sua agenda atribulada, parou para nos dar essa entrevista na qual ela fala sobre sua carreira, a doença que enfrentou, o programa que nova temporada com estréia marcada para abril e, principalmente, sobre o que mais ama: atuar.

Como aconteceu o salto de jornalista, por formação, para artista?
Enquanto estudava na faculdade de jornalismo, fazia todos os cursos de teatro e fui me apaixonando. Sou jornalista formada e cheguei a trabalhar há muitos anos na Veja SP, mas a paixão pelo teatro foi maior e acabei indo para Paris estudar teatro.

Qual a sensação de ter sido a primeira brasileira admitida no curso de interpretação e direção da L'Ecole Internacionale de Théâtre Jacques Lecoq?
Muito orgulhosa e cheia de responsabilidades, não é?! Estava defendendo o
nosso verde-amarelo! Fui a primeira do nosso país e da América Latina. Depois algumas brasileiras acabaram fazendo o curso. Foi muito importante. Lá, eles ainda tinham preconceito em relação ao brasileiro e tive o maior orgulho em dizer que o país estava com tudo. Uma vez, o diretor da escola chegou perto de mim e disse que meu nome era mais bonito para o palco. Ele fez a comparação: de Stella Miranda com “estrela para ser mirada”. Eu era jovem, cheia de entusiasmo e aquilo dito foi muito importante.

Você fez duetos de bar com Eduardo Dusek, Guilherme Karan e Miguel Falabella; formou a dupla sertaneja Chicotinho & Salto Alto, com Kátia Bronstein (hoje Kátia B), que chegou a se apresentar nos EUA. Como você se descobriu cantora? Tem vontade de lançar algum trabalho autoral?
Sempre gostei de cantarolar. E percebi que cantar é como atuar, dirigir ou escrever. Sou sempre eu. A mesma Stella em várias perspectivas, em vários prismas. É sempre o mesmo desejo de me expressar, que é incontrolável.Sempre gostei de ouvir muitas músicas. Fiz cursos de voz com diversos professores e fui me aperfeiçoando. Tenho vontade sim de lançar um trabalho em relação à música, mas a gente faz tanta coisa, sonha sem parar. Espero que viva o bastante para poder realizar todos os meus sonhos.

Os trabalhos junto com Miguel Falabella sempre resultaram em sucesso. Existe alguma fórmula entre vocês dois? Como é dividir a cena com ele?
Existe sim. Vem do coração. Falamos a mesma língua. Somos grandes amigos e parceiros artísticos. É uma graça. Somos muito próximo um do outro. Somos amigos há muito anos e artisticamente trabalhamos juntos há tempos, mesmo antes do atual programa. Discutimos, mas logo depois estamos na paz. É uma amizade da alma. Temos uma grande afinidade e convivência óbvia e transparente. Somos amigos que trabalham juntos. Falamos a mesma língua.

Você passou por momentos muito difíceis por causa do câncer e ainda não estava recuperada quando decidiu viver Carmen Miranda, no musical “South American Way” a convite de Miguel Falabella. A personagem foi sua aliada no embate contra a doença?
Foi sim. Acho que viver Carmem Miranda foi minha salvação. Consegui sentir a felicidade e as dores dela. Vivendo na sua pele e vendo o mundo na sua perspectiva, acabei tão vitoriosa quanto ela. Quando Miguel me chamou para estrelar o musical eu estava no hospital, tinha acabado de ser operada. Ele insistiu e eu não queria nada, porém, a resposta dele foi : “Vou esperar você sarar”. Minha família e os médiocos insistiam levando vídeos, livros da vida da Carmen. O Miguel atrasou tudo para eu poder estrelar. A peça acabou sendo uma maneira de dizer sim para a vida. Foi emblemático viver Carmen. Na verdade foi quase um milagre, pois ninguém achava que eu conseguiria. Acabou essa história e eu comecei uma nova fase na minha vida.

No teatro você atua, dirige e produz e na televisão brilha no papel de Dona Álvara. Você é do tipo de atriz que está sempre procurando mais? Se considera uma profissional completa?
Sou polivalente por natureza, curiosa e artisticamente me sinto "borbulhando". Procuro sempre mais e mais, mas não me sinto completa. Ao contrário. Sou uma profissional irrequieta, isso sim! Tenho muita facetas. Sempre tive muito interesse em fazer tudo e é uma felicidade poder exercer todas as minhas facetas. É da minha natureza fazer tudo.

Como é produzir no país?
Difícil, “muito dificílimo demais”. A gente tem que recomeçar a cada vez que parte para uma nova produção. Suas conquistas não valem nada. A gente mata um leão por dia. É uma fênix.

A atual crise mundial pode afetar o teatro?
Meu Deus, e como! Já atingiu. Faltam patrocinadores, as leis mudam a cada dia e as produções estão ficando cada vez mais escassas. O teatro, como qualquer outra arte, acaba sendo afetado. A primeira coisa que se corta é com a cultura.

A gente sabe que os artistas não recebem incentivos para diversificar seus trabalhos como atuar, cantar e dirigir ao mesmo tempo. Quando alguns artistas o fazem, geralmente sofrem duras críticas. Como você encara isso?
Sofro. Sofro. Mas ninguém pode parar meu coração. A gente vive a mercê de uma crítica que nem sempre faz juz ao titulo da crítica. A gente é meio jogado às feras. Os críticos não têm conhecimento da produção, do que rolou até chegar ao palco. Esse tipo de crítica que existe atualmente eu não aprecio. Não é a crítica que eu faria.

Como está sendo viver a síndica meio "Fidel Castro" em "Toma Lá Dá Cá"? Você acha que existem muitas Donas Álvaras por aí?
A-DO-RO! Existem muitos políticos aqui mesmo que muito me inspiram para as loucuras de Álvara! Eles tratam seus estados, suas cadeiras como se fossem propriedades particulares e eles acabaram servido de fonte de inspiração.

Aquela gargalhada maravilhosa que Dona Álvara dá foi inspirada em alguém?
Não. Eu mesma inventei. Achei que essa síndica tinha que rir de todos e de tudo. Descaradamente.

O que o público pode esperar dessa nova temporada?
Alegria e inteligência. A gente está começando agora. Miguel tem alguns truques guardados que vão ser lançados na hora certa. Mas o programa vai manter a qualidade que sempre teve.

Dona Alvará, por ser casada com Sr. Ladir (que nunca se assumiu), fez com que gays tivessem uma aproximação maior com você?
Sim, sim. Mas acho que os gays sempre gostaram de mim, de coração. E eu deles! Em quase todos os meus personagens gosto de falar para os que estão sempre à margem da vida, assim como eu.

Como você analisa a união estável? Você acha que já passou da hora do Congresso aprovar a lei?
Antes tarde do que nunca. O país sempre foi retardado. Ainda vai demorar muito. Ainda estamos muito para trás. Nosso país é muito preconceituoso. A mulher ainda é inferior aos homens, imagine a união estável entre gays? Um dia vai chegar e vamos festejar!

Em sua opinião Sr. Ladir, vivido por Ítalo Rossi, acaba sendo uma abertura para a quebra do preconceito em relação aos gays na televisão brasileira?
Ítalo é uma estrela. Um gay tão espetacular como Ladir, casado com uma lady como D. Álvara, formam um casal adorável...

Nas séries americanas existem casais homossexuais que se beijam em pleno horário nobre e levam suas vidas normalmente como qualquer casal hetero. Você acha que falta muito ainda para a televisão brasileira quebrar essa barreira?
Como disse, existe um preconceito muito grande. Aqui está tudo dentro do armário. Infelizmente o armário está fechado.

Qual é a sua praia: teatro, cinema ou televisão?
Sou uma garota da praia, não importa qual. Gosto de pode exercer o meu ofício que é de poder mostrar os meus sentimentos.

Existe algum personagem que você gostaria de encarar como desafio?
Todos os personagens são desafios, mas ainda falta brincar com os clássicos.

Existem projetos para esse ano?
Existem, mas ainda é segredo.


E a violência?
Moro na Lagoa e está horrível. Estamos vivendo tempos negros. Tinha que existir uma vontade política de acabar com tudo isso já. Deveriam ter vários Obamas no país. Acho que isso poderia ser uma saída.

Como anda o coração?
Está quieto, batendo.

Um recado para nossos leitores.
Beijos queridos e muito obrigada pelo carinho.

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